O que não via antes era o que havia dentro - Guardado, encerrado, escondido, privado - como tudo aquilo que guardamos nos esconderijos mais profundos do coração. Como uma jóia, das mais raras e valiosas, daquelas que não se pode expor de qualquer forma para que a sujeira do mundo não a ofusque. Depois daquela carta foi assim que os vi.
Talvez tivesse quisto vê-los antes. E, acreditem, eu verdadeiramente quis, mas não consegui porque a luz era tanta que fazia com que outros tantos olhos, janelas de tantas outras almas – mais hábeis e livres – chegassem antes dos meus.
No entanto, depois daquela carta eu os vi. E não somente os vi. Depois daquela carta os toquei, mas não somente os toquei, eu os senti, mas não somente os senti – eu os vivi. E essa, sim, foi a maior e melhor de todas as conseqüências.
Vivê-los nas partilhas das experiências gozosas e dolorosas; e nelas fazer sabê-los de minhas fraquezas e poder senti-los como apoio firme no qual eu podia me sustentar;
Vivê-los nas conversas sobre as camas desforradas, nos sorrisos tímidos e nas risadas espalhadas;
Senti-los perto, recostados nos altares, amparados para que as almas não se afogassem tantas águas que rolaram quando as decisões foram difíceis;
Senti-los longe – isso também foi/é (não sei!) muito bom, porque experimento da saudade, desse amor que fica quando tudo já se foi.
E tudo por causa daquela carta. Aquilo foi a chave que girou na maçaneta enferrujada, deixando de lado todo medo e timidez e abrindo, assim, de maneira escancarada – sutilmente escancarada – as portas de uma amizade livre e sem rodeios, irrompendo em mim esse deserto de almas e fazendo escorrer pela fresta que se abria a luz de uma vida mais clara, tenra e feliz.
Estar com eles é doce. Porque estar com eles me dá a nítida sensação de que serei feliz para sempre. E sou!
Para o Príncipe e a Princesa do Reino do Entojo – Neto e Lih
Com uma medida de amor e duas medidas de saudade.
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