quarta-feira, 30 de março de 2011

DE: Seu Aba.



Olá Manuel:

Hoje, como sempre, tenho olhado muito por ti. É verdade que não tens sentido a minha presença…quantas vezes já te ouvi protestar : - Não sinto nada, não sinto que Deus esteja comigo. Já temos falado sobre isto, ter Fé não é sentir, é confiar…confias em mim?

Ao olhar para ti vejo-te inquieto(a), mas também um pouco apático(a). Pareces incomodado(a) com o mundo…não percebes as notícias que ouves: guerras, histórias que julgavas impossíveis, crises, hipotecas e dívidas acumuladas, tanto sofrimento escondido…Nem imaginas como eu sofro, não há dor nenhuma que não me magoe profundamente, sou também eu que choro em tantos quartos escuros, sou também eu que me angustio e tenho medo…Sou também eu que te toco nessa tua incapacidade de compreender o mundo.

Lembras-te do dia em que te despediste daquele teu amigo…o que gritaste comigo! Estive contigo nesse grito que é próprio de quem ama, e estive contigo em todos aqueles gestos que te ajudaram a reencontrar o caminho…

Estou contigo quando espontaneamente te invade o espanto da beleza, quando agradeces as coisas simples, quando tocas na vida dos outros e os ajudas a descobrir horizontes… a paz e alegria que te preenchem nesses momentos são o maior sinal da minha presença.
Estou contigo no mais profundo dos teus sonhos. Fui eu mesmo que os criei. Cada vez que imaginares um projecto pelo qual vale a pena lutar, dar vida, esgotares-te… acredita que é aí que eu estou contigo!


Fica bem, contínuo sempre contigo…

Teu Pai

P.S. Em cada um dos momentos do teu dia, aconteça o que acontecer, lembra-te sempre que és profundamente amado(a) por mim.

Neto Quirino

quinta-feira, 24 de março de 2011

É melhor carregar a minha Cruz do que sentar-me as sombras da Maldição.

 
Aqui compartilho o que meus olhos e meus poros têm experimentado nos sublimes minutos de cada desencontro do Sol e a Lua.

Após vagar desvirginalmente por cantos obscuros da vida, chegando a experimentar lavagem, expurgos e vômitos, a Salvação bateu na minha portinha de tábua, que andava quebrada e sem ferrolhos, apenas uma tramelinha vagabunda, onde alguns cupins alimentavam dela e os ventos frios de fora tinham entrada certa pelas suas brechas, contudo a Salvação não a derrubou, preferiu bater e chamar.
Chorei ao ouvir Sua voz, que chamava-me pelo nome, eu, um lixo, mas tinha nome. Abri a tramela da velha porta e Ele adentrou e ceou comigo. Na minha casa nada havia, somente miséria, não havia assentos, o chão era de barro irregular, estava sombrio, não havia luz! Mas quando Ele entrou, que felicidade! Não olhei mais para a fragilidade da casa, olhei para Ele, contemplei e chorei. Ele é Lindo e Maravilhoso, sorriu pra mim e sem falar nada lavou-me com um perdão não humano, brotou em mim um imenso ódio do passado e das más vertentes.

Hoje vivo e proclamo o melhor.

É melhor ser casto que promíscuo.
É melhor namorar, noivar e casar que se ajuntar.
É melhor ter uma só mulher que muitas.
É melhor ser fiel do que se oferecer ao alheio.
É melhor ter muitos filhos e amá-los que se entregar aos limites.
É melhor o método natural que anticonceptivos, camisinhas e ligaduras.
É melhor confessar e me render ao Criador quer ajuntar lixos no coração.
É melhor ouvir e discernir que jogar palavras ao vento.
É melhor cuidar do corpo do que gastá-lo com devassidão.
É melhor ter um só Deus que vários ou que nenhum.

Neto Quirino

quinta-feira, 17 de março de 2011

Tranquila(o)


Mesmo quando se espera o sol e a chuva cai
Mesmo quando lágrimas vem na dor profunda
Mesmo quando alguém só contém palavras duras

A alma não se perde em caos
Se eleva além do que se vê
E progride feliz
E progride feliz

E ela plana sob a ação do vento
Tranqüila, serena e segura

Mesmo quando se espera o sol
E a chuva cai
Mesmo quando lágrimas vem na dor profunda
Mesmo quando alguém só contém palavras duras

A alma não se perde em caos
Se eleva além do que se vê
E progride feliz
E progride feliz

E ela plana sob a ação do vento
Tranqüila, serena e segura

Irmã Kelly Patrícia

quinta-feira, 10 de março de 2011

Tu tens palavas de vida eterna (ou uma confissão)


“Minha sede era esbraseante e eu andei longe de Vós, porque me parecíeis muito distante. Cavei minhas cisternas e me curvei para encontrar a água que fugiu de meus lábios torturados. E minha alma se fez seca e deserta, e chorou desoladamente, porque não achou alimento nem bebida, nem remédio para as suas feridas, e meu coração desesperou porque a messe florida dos meus desejos pereceu por falta das águas fecundantes.
Senhor, eu vi aterrorizado a devastação e como não teria frutos, porque tudo se ressecava e tombava.
Repreendei-me, Jesus, que bem o mereço. É verdade que não foi a Vós que busquei e á Vossa casa de eterna sabedoria, mas a mim mesmo e à casa dos meus afetos rasteiros.
Reconheço a loucura com que, longe de Vós, sonhei tolas exaltações de minha personalidade e eis que sou humilhado. Semeei a mancheias o desvario de afetos desordenados para esquecer o vosso amor cioso, e as desilusões me vieram flagelar. Procurei comer dos festins que me proibíeis, pra saciar a fome de meu coração, e senti o abismo dentro de mim. Quis inebriar-me dos licores vertiginosos do mundo para não ouvir mais a Vossa voz que me buscava como ao primeiro homem no paraíso, mas não consegui. (…)
Jesus, eu desejo salvação. Vinde pois, Senhor! Reclamo-vos com todas as minhas fibras. Vós sois o Desejado. Aquele que meus olhos procuram e meus lábios chamam e a Quem meu coração se abre para entregar-se sem mais hesitações. Como se anela o Bem verdadeiro, depois de se sentir até a última gota a amargura dos bens mentirosos! E como sois sábio, Jesus, que assim permitistes ao vosso pobre servo chorar desalentadamente o asco do mundo e do pecado, para que agora mais e mais se inflame o vulcão de vosso Desejo e a sede insaciável de vossa Posse!”

(D. Antônio de Siqueira – Elevações)

sexta-feira, 4 de março de 2011

OFF - EM RETIRO


OFF - RETIRO DE CARNAVAL - COMUNIDADE CRUX SACRA - CARPINA/PE

ACHO QUE QUARTA-FEIRA VOLTO!

BOM CARNAVAL! PAX!

Neto Quirino

terça-feira, 1 de março de 2011

Todo Teu

“Eu sinto, Senhor, Vossa providência que se compraz em fazer como a vigilante dona de casa a percorrer,
lanterna em punho, os desvãos esquecidos onde talvez se aninhe o lixo sórdido ou o roubo cauteloso.
Penetrais às vezes no meandro de mim mesmo, e para que eu não brade como quem se sente cercado de ladrões, Vós me tomais pela mão e me fazeis companheiro de Vossa sindicância amorosamente severa.
(…)
Eu enrubesço com o pensamento de que Vossos olhos se ofenderão ao encontrar nesta casa, templo do Vosso Espírito Santo, não só as ninharias e frivolidades do mundo, que ainda não varri, embora as tenha recuado para um cantinho discreto, quem sabem mesmo para vos enganar a Vós e a mim próprio, mas ainda as miseráveis reservas do meu amor louco, por mim dissimuladas dolorosamente, mísero que sou, como se as pudera ocultar de Vós que me contempláveis ainda antes que eu fosse, e pensando furta-me àqueles olhos de Vossa repreensão meiga e tão funda a que não resistem as pobres lágrimas de meu arrependimento…
Hoje, Jesus, Vós me forçais a descer convosco nestes recônditos escuros, iluminais as minhas trevas. Nesta dobra, Mestre, há sim alguma coisa encoberta. (…) Eu reconheço que há demência de amor-próprio e
interesse de meus confortos. Eu não tenho recebido nem praticado a Vossa lição de renúncia absoluta. Mas venho, pé ante pé, o caminho de menos espinhos, fugindo cauteloso, o outro mais duro, mentindo a mim mesmo que posso escolher porque Vós os colocais a ambos diante dos meus passos…
E me esqueço que Vós não fizestes assim, quando a mim destes toda a dedicação do Vosso amor infinito. E não me lembro de que podíeis salvar-me com uma gota e escolheste um oceano. E não Vos satisfizestes com uma pequenina lágrima,´pérola que rolásseis da conchinha de Vossos olhos de Infante Divino, como um orvalho doce deslizado na relva.
Mas Preferistes chorar todas as Vossas lágrimas, e esgotada a fonte destas, Transformastes em suor de agonia o Vosso sangue, para afinal mergulhardes Vossa dileção sem medidas nas águas de um mar imenso de tortura, nem permitindo que o último amorável recesso de Vosso coração retivesses somente a relíquia preciosa dos derradeiros rubis de Vosso sangue, e os entregastes também, juntamente com as últimas lágrimas que o Vosso amor não pudera chorar.
Basta, Senhor, basta, já não resisto. Não me faleis nada mais, que meu coração desfalece. Eu Vos amo, sim, Jesus, eu O quero provar.
(…)
Se me quereis satisfeito, Jesus, aceitai minha oblação: eu não tenho outro anelo de mais completa felicidade.
É a Vós mesmo que achareis realizando este desejo, porque Vosso amor de Cruz entrou-me no coração.
Que Ele se faça, pois. Assim seja.

Neto Quirino