sábado, 16 de outubro de 2010

DEMASIADO GRANDE PARA FALIR






No momento em que os mineiros chilenos foram resgatados, para lá do sentimento de alegria e emoção, da admiração pela coragem dos mineiros e da capacidade da nossa inteligência, para lá de muitos outros fatores que alimentam a nossa esperança na capacidade do género humano, vislumbramos como a globalização pode ser realmente um bem para a humanidade.
Neste momento todos nos sentimos chilenos, e todos, portanto, nos sentimos irmãos de uma única e mesma família, em que a fraternidade esteve realmente presente: todos, cada um no seu âmbito, puxamos para o mesmo lado. E é esta conjugação de esforços que tem faltado. Mas este acontecimento veio mostrar que se tem faltado não é porque não sejamos capazes de tal fraternidade, mas simplesmente porque não temos “vontade política” para a pôr em prática e porque não temos a “vontade moral” suficientemente forte para nos mantermos fiéis a um ideal, a uma conversão dos nossos estilos de vida, para superar o desespero de quem não vê os resultados “logo ao virar da esquina”, para nos empurrar, com coragem e determinação, para a frente, mesmo nos momentos em que o desânimo e a angústia nos fazem perder ou ignorar a esperança.
A humanidade percebeu, neste acontecimento, visto em direto, que tem capacidades enormes para resolver problemas tão complexos como este ou como ida do homem à Lua. O que possivelmente não percebeu ainda é que essa sua capacidade pode também servir para salvar milhões de pessoas que morrem de fome e de doenças perfeitamente curáveis. E enquanto não o perceber e não o puser em prática, somos dominados pelo lado negro da globalização.
A sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos. A razão, por si só, é capaz de ver a igualdade entre os homens e estabelecer uma convivência cívica entre eles, mas não consegue fundar a fraternidade.
Quando a vida humana está em jogo, o tempo torna-se sempre breve.“O mundo tem sido testemunha dos vastos recursos que os Governos são capazes de reunir para salvar instituições financeiras consideradas «demasiado grandes para falir».
Com as pessoas, não pode haver problemas de escala, porque uma pessoa não vale mais que duas. Cada pessoa é única e irrepetível. As pessoas assassinadas nas Torres Gémeas de Nova Iorque não valem mais que as pessoas massacradas no Ruanda ou no Médio Oriente. Os números perdem sentido, têm de perder sentido, quando está em jogo a vida humana. E nós todos concordamos com isso. Este acontecimento do Chile veio prová-lo: se olhássemos só para os números, o que são 33 em tantos milhões de pessoas?
A pessoa, cada pessoa, não tem preço, “não é um número, não é um anel de uma cadeia, nem uma peça da engrenagem de um sistema”. Não pode ser contabilizada assim. Não! A pessoa está no centro.
Por isso, é a única que é “demasiado grande para falir”.
Deus abençoe!
Paz & Bem!

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