Porque nos escondemos? Onde está a fronteira entre o que somos e pensamos e o que mostramos e dizemos? Tenho pensado bastante no nosso mundo escondido, os segredos inacessíveis, por vezes a nós mesmos. A prudência exige que não possamos falar claramente de tudo o que nos acontece. Podemos nem sequer ter a capacidade de o expressar. Acredito que há um espaço da nossa intimidade que deve ficar apenas para nós.
De fato, incomoda-me quando alguém se expõe demasiado. Há coisas que não nos pertence saber e é triste quando vemos que revelar a intimidade é uma forma de espectáculo consumista. A televisão mostra-nos isso diariamente e dói tanta falta de respeito. Existe um pudor saudável em relação a nós ou aos outros, aquele espaço que ninguém tem o direito de violar, mesmo com as melhores intenções.
Neto Quirino