Durante meu curso, fiz uma cadeira de filosofia, que falava um pouco sobre lógica. A lógica ajuda a estruturar o pensamento, e é útil para argumentar, fazer silogismos, tirar conclusões. É importante também para descobrir erros de raciocínio, perceber onde se fez um salto indevido ou se acrescentou algo não previsto que depois conduz a uma conclusão diferente.
Pergunto-me porque é que é mais fácil organizar pensamentos que sentimentos. E o pior é que somos constantemente tentados em estruturar aquilo que sentimos, atribuindo-lhe etiquetas, causas e resultados a obter. Na nossa cabeça as coisas estão muitas vezes arrumadas. Até demais, quando a Vida nos acrescenta todos os dias novas variáveis que descontroem a nossa lógica certinha. E aí estamos de novo a procurar restabelecer o raciocínio. Não admira que andemos cansados!
Os sentimentos não são ideias escritas em papel, que possamos escrever e guardar em pastas e gavetas numeradas. Um papel diz pouco do que se faz com as mãos e o coração. Escrever não é pintar, nem esculpir, nem fazer música. Se não ponho o meu corpo na minha experiência, se não deixo que o mundo me diga a minha e a sua verdade, então fico um livro de prateleira, esquecido e com pó.
Lidar com os sentimentos é não ter medo deles, é poder deixá-los entrar em casa e ouvi-los falar. São coisas importantes, importantes mesmo. Não merecem uma lógica apressada, fria e racional. Merecem a guerra e a paz que trazem.
Neto Quirino
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