"Onde estás?" - Pergunto enquanto olho a sorrir ao longe. Ouve-se a sua voz na noite, misturada com passos de encontro. "Já me encontraste, uma vez mais te encontro". Passam as luzes da cidade, até aparecer a cor do fogo. "Há lugares tão nossos, em que o tempo deixa de passar na memória, fica em movimentos de consolação futura, preciso deles". Sento-me, cansado, as vezes a alma desiste de querer mais, sai do peito num lamento incompleto. "Que procuras?" Pararam os passos, ouço um gesto de abraço. "Sinto uma paz prometida, aquela que é trazida na promessa que me fizeste". Abre-se um livro, as páginas são escritas rapidamente, à velocidade de um voo de águia. "Não procures mais, nunca chegarás ao fim da viagem, vive a partir do completo que te é dado agora". As mãos enchem-se de água que escorre pelos dedos. "Não consigo, pode ser tudo tão completo quando se para a meio do deserto e se ouve o som do vento". Descansa agora o meu coração, porque me hei-de inquietar, se vivo debaixo de um sol que nasce todos os dias?
Neto Quirino
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