Passam os dias frios como vento, enquanto o sol aquece momentâneo, sinal de que ali está, pronto para o que for. Entre o movimento da estrada, uma banda sonora que se constrói de pequenos sons subtis, quase surdos. Um pulsar ao mesmo tempo intenso e sereno. Passaram as horas sem que me desse conta de que aconteceram imensas passagens, entre sentimentos e visões de imagens que teimam em desaparecer demasiado depressa.
Se pudéssemos congelar, por um momento, a eternidade que chegou a nós, para nos agarrar sem nos querer mais deixar. E teimosamente, preguiçosamente, descuidadamente, vamos caindo em peças frágeis, à medida que os nossos passos desenham sombras na calçada.
A eternidade tem um tempo preciso. É dom e é roubo. É tudo e nada. É olhar que sabe ver, horizonte que sabe permanecer.
Neto Quirino
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