domingo, 12 de dezembro de 2010

Profundidade


Há tempo para pararmos tudo aquilo que fazemos e encontrar o espaço que nos faça viver algo semelhante ao nada. Vivemos não só entre imensos compromissos e ritmos exteriores, mas também - e sobretudo - envolvidos numa quantidade impressionante de ocupações e pre-ocupações da alma. Se, por um lado, é importante acompanhar com atenção o que nos acontece, acabamos muitas vezes por sermos arrastados pela corrente dos nossos pensamentos. 

E até pode acontecer que, pensando muito, acabamos por não pensar nada que valha a pena, algo que nos traga alguma luz mais concreta.

A sabedoria oriental tende para um aniquilamento da reflexão e do pensamento, para alcançar estados de silêncio interior. Todo esse esforço pode correr o risco de ser simplesmente um não estar presente na vida, o esforçar-se por sair dela. Quando, o mais importante do silêncio interior é, precisamente, entrar no ritmo da vida como o seu batimento mais profundo. O perceber onde estou completo, onde vivo em sintonia com tudo. Onde sou enviado no melhor que hoje tenho.

Neto Quirino

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