(Sobre a questão da ausência de Deus nas contrariedades da Vida)
A
Vida não é fácil, não só por causa das nossas próprias experiências de
desilusão, solidão, desencanto, medo, mas também pelo panorama
devastador que cada dia é posto diante de nós nas notícias. A ponto de
nos deixar sem palavras e perguntarmo-nos como é possível que o mal
tenha uma força tão grande, parecendo capaz de orientar e controlar a
própria história.
No
fundo, todos percebemos o que é o bem e o amor que podemos fazer e que
poderia acontecer. Mas é um fato que isso não acontece. Somos quase
desafiados ou constringidos a acreditar no bem acima de toda a
razoabilidade, até haver forças... até ao momento em que não resistimos
mais e atiramos a toalha ao tapete.Ponto final. Mais vale preocupar-me
com um equlíbrio de vida possível sem utopias. O meu mundo tem
fronteiras muito bem marcadas, onde só entra quem e o que eu quiser. Mas
não sou impermeável ao mundo, tudo toca e molha a minha pele, e de
repente estou diante de um castelo cheio de brechas na muralha, sem me
poder defender. Podemos viver assim toda a vida...
Um
professor meu descrevia a vida de hoje como um gigantesco labirinto. E a
grande questão não era como encontrar o caminho para sair dele, mas sim
encontrar o modo de o habitar, fazendo dele a minha casa. Aprender a
perder-me, mais que procurar desesperadamente saídas irreais. Acredito
que não podemos olhar o fato de experimentarmos dificuldades como algo
que não deveria acontecer. Estaríamos a iludir-nos. A questão está em
colocar-me na dificuldade e fazê-la minha, num exercício de verdade que
pode doer. Mas só posso mudar aquilo que conheço profundamente, é a
dificuldade que me fará crescer em criatividade e serenidade. Olhando a
nossa história, vemos que as crises foram momentos essenciais para
sermos o que hoje somos. Mas não nos lembramos disso muitas vezes...
Neto Quirino
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