Sou um mistério para mim mesmo, e talvez seja possível que os outros me conheçam melhor que eu próprio. Talvez porque tenho espaços em mim dos quais penso que tenho o direito absoluto a ser o único explorador. Triste e iludido. E estes espaços são tantas vezes quartos escuros, fechados à chave. Tornei-me dono das minhas próprias prisões. Acredito que damos uma importância excessiva à pouca luz que temos, comparada com a dos outros. Ou ao modo pouco brilhante como estamos perante a Vida, quando sabemos bem que ela nos exige que sejamos sóis luminosos.
Conhecer-me é abrir os olhos e os braços ao que está em mim e fora de mim. Mas às coisas sérias e bonitas, no fundo, as únicas que são realmente... É ser capaz de abrir os lugares escuros e perceber que os monstros são formigas... é deixar que um fogo aqueça a casa. É olhar pela janela da alma e ver que estou na proa, e tenho diante de mim aquela paisagem que nunca pensei ver. Porque estamos continuamente a pensar que estamos bloqueados, traumatizados, condicionados?
Quando aquilo que sou é vento que enche as velas de um barco, a cor onde o artista mergulhou o pincel, a música que faz chorar alguém de consolação. É entre a coragem e a luz que me situo e existo... as minhas sombras são marionetes ridículas, só fazem aquilo que eu faço quando olho o sol... não têm um mínimo de vontade própria.
Neto Quirino
Parabéns pela postagem ..
ResponderExcluirÉ a única coisa que tenho a dizer depois de algo tão completo, complexo, tão nosso, humano '
bjo.