Qual é a certeza que temos da ressurreição? Há uns
anos atrás, era esta a minha questão principal. Às vezes, é bom pormos
em questão as coisas que nos habituamos a acreditar sem nos termos
perguntado o porquê. De fato, a ressurreição de Jesus não teve
testemunhas, para além do grupo dos discípulos que depois tiveram
algumas experiências de O terem visto vivo. Mas isso poderia ter sido
qualquer ilusão...
Mas olhando a história simplesmente, dá-se conta que não houve nenhum movimento religioso que, no espaço de 50 anos, se tivesse espalhado por todo o mundo conhecido da altura. O que teria acontecido para que um grupo de homens e mulheres judeus, de baixa condição social, tivessem anunciado que alguém com quem contataram fisicamente tinha ressuscitado e este era o Filho de Deus? Na mentalidade judaica, isto era impensável. Além disso, este anúncio era feito no meio de perseguições e quase todos os apóstolos morreram mártires por causa disso. Deveria ter sido uma experiência de tal modo forte, que os obrigava a não estar calados, mesmo à custa da própria vida. Esta para mim é uma prova muito grande da ressurreição.
Mas o que isso poderá dizer-me hoje? Faz-me crescer num otimismo sem fim, acreditar que serei feliz e completo, apesar de tudo. A ressurreição não é uma espécie de momento mágico que apaga a dor e a tristeza. O corpo de Jesus ressuscitado tem as marcas da paixão. É toda a nossa história, e a história de cada dia que pode ser hoje, já, transformada em Vida Nova, com criatividade, entrega e desejo de nos superarmos. São estes os sinais mais claros que podemos viver já como ressuscitados.
Neto Quirino