Hoje gostaria de me tentar convencer a mim
mesmo que a perfeição não é um trabalho e uma luta constantes. Custa a
acreditar que a meta está próxima, quando cada dia nos damos conta que
alguma parte de nós perdeu algo importante. Não avançamos completos, mas
no esforço de trazer atrás de nós pedaços de Vida que gostaríamos de
ter deixado para trás há muito tempo.
A minha casa é o lugar onde posso arrumar as coisas como quero. Deixo as obras de arte na prateleira, os diplomas na parede e as coisas feias escondidas em caixas debaixo da cama. Convivo entre ilusões e poucas coragens, para ver tudo e abrir cada significado da Vida. Uma casa bem arrumada pode implicar escondimento, ambientes de visita, mostrar o que sou, mas não tudo.
Porém, não consigo esquecer aquilo que escondo e cada dia desejo ir lá, tirar para a luz, limpar, colocar no centro da mesa. E perguntar: porque te assustas? Temos medos muito ridículos, quando não sabemos olhar com gestos corajosos e uma alma enorme. Perfeito. Não sei porque não posso admitir que o sou. Nada é pesado, nada é feio, nada fica escondido, se... se quiser que todos os pedaços de mim sejam meus, e se quiser que toda a luz que tenho ilumine.
Como a luz do sol, que acaricia todas as coisas.
Neto Quirino