*pro Show Pérolas
Quando
saí de casa hoje, encontrei um daqueles dias de outono, com um sol e calor algo
raros nesta época do ano. As cores das casas, das árvores e da luz. Esta cidade
tem as cores do outono. Sem querer, fui-me deixando levar por pensamentos que
desaceleravam e...
Me
dei conta de que não existem muitas palavras que possam exprimir a importância
que temos no conjunto de tudo o que existe. Como se os nossos pés fossem desenhando
linhas vistas desde o céu. Fazemos caminhos confusos e raramente seguimos exatamente
por onde uma vez tínhamos viajado. Cada movimento nosso é carregado de uma
surpresa que vai sem retorno.
Temos
medo do definitivo, apesar de jurarmos amor vezes sem conta. Porque sabemos do
que somos feitos, de como não somos nós diante de nós mesmos. Custa-nos deixar
cair mentiras e ficar despidos na mais pura verdade. Assim expostos, não nos
defendemos, nem temos para onde fugir. Amamos e odiamos as mesmas coisas,
queremos perder e ao mesmo tempo agarrar com todas as forças que temos. Como se
perder fosse o fim da própria vida.
Porque
é que o outono é assim tão fascinante? Quer a natureza despedir-se no seu maior
esplendor, vestir-se de ouro e luz de diamantes só para anunciar um regresso
depois do frio? E assim nos vestimos com a mesma cor do fim, e nos deixamos
andar sem sair do mesmo lugar?
A
esperança não desilude. Tal como o amor move montanhas, apaga noites e destrói distâncias.
Acabamos sempre, quando assim o quisermos, por dizer amor em gestos concretos.
Se somos Beleza de Outono, é porque seremos Vida de Primavera.
É
tempo de recomeçar...
Neto Quirino